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Via Láctea pode estar cercada por até 100 galáxias fantasmas, aponta estudo

Uma equipe da Universidade de Durham (Reino Unido), apresentada em julho na reunião da Royal Astronomical Society, anunciou uma descoberta surpreendente: nossa galáxia pode abrigar entre 80 e 100 galáxias satélites extremamente tênues, batizadas de “galáxias fantasmas”. Essas estruturas orbitam a Via Láctea, mas passam despercebidas pelos telescópios atuais devido à sua luminosidade quase nula e à perda de matéria escura.

Embora já existam cerca de 60 satélites confirmados orbitando a gasosa principal, os cientistas identificaram uma discrepância entre esse número e as previsões do modelo cosmológico padrão (ΛCDM), que sugere até 500 galáxias anãs nesse entorno. Para resolver o problema dos “satélites ausentes”, foram usadas simulações de altíssima resolução (Aquarius) combinadas com o código GALFORM, permitindo rastrear halos escuros que perderam quase toda sua massa por influência gravitacional da Via Láctea, tornando esses objetos quase invisíveis hoje.

A hipótese é de que essas galáxias anãs já existiram em número maior, mas foram progressivamente despojadas de matéria escura e estelar durante passagens repetidas pela região externa do halo galáctico. Como resultado, restam apenas núcleos ultra-fracos, difíceis de detectar com métodos convencionais.

A descoberta tem implicações diretas para validar o modelo ΛCDM. Isabel Santos‑Santos, líder da pesquisa, comentou que se essas galáxias forem observadas por instrumentos como o Observatório Vera Rubin, será um forte apoio ao modelo que explica a formação e evolução de galáxias por meio de halos de matéria escura. Carlos Frenk, coautor do trabalho, acrescentou: “É uma demonstração clara do poder da física e dos modelos matemáticos: previsões feitas em supercomputadores podem ser testadas por telescópios poderosos”.

A presença dessas galáxias ‘fantasmas’ também altera nossa percepção sobre a estrutura local do universo. Sua detecção ajudará a entender melhor como os satélites se distribuem em planos ou alinhamentos — anteriormente considerado um problema para o ΛCDM.

Nas próximas fases, os pesquisadores planejam usar dados do Rubin Observatory com câmera LSST para tentar identificar objetos ultrafrágeis e testar diretamente a existência dessas satélites ocultas. Caso confirmados, eles podem fornecer evidências essenciais sobre a densidade de matéria escura, os processos de formação de galáxias anãs e os grandes halos escuros que estruturam o cosmos.

Essa descoberta reforça a ideia de que a Via Láctea não está isolada, mas sim rodeada por uma população oculta de galáxias frágeis e silenciosas — que agora começam a emergir do invisível para desafiar e expandir nosso entendimento sobre a formação galáctica e a arquitetura do universo.

Gabriel Rodrigues

Entusiasta de Astronomia e Astrofísica, criador e escritor do blog

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