Na manhã de terça-feira (3 de junho de 2025), por volta das 6h (horário local), céus ao norte de Montreal (Canadá) e no nordeste dos EUA foram palco de um fenômeno extraordinário: uma bola de fogo — meteoro brilhante o suficiente para ser visto por toda a população — cruzou o cenário colorido da aurora boreal, resultando em um espetáculo natural que uniu duas das manifestações mais impressionantes do céu noturno.
A bola de fogo, um meteoro com magnitude aparente de -4 ou mais brilhante, tornou-se visível no momento em que rasgou o manto vibrante da aurora — um fenômeno luminoso provocado pela interação de partículas solares com os gases da atmosfera superior . Imagens capturadas em locais como South Glengarry (Ontário) e Chelsea (Quebec) registraram o momento exato em que o fragmento incandescente atravessou o esplendor colorido — e ao menos 14 testemunhas relatadas à American Meteor Society confirmaram o fenômeno .
A aurora boreal, resultante da colisão de partículas energéticas vindas do Sol com átomos de oxigênio e nitrogênio na termosfera, mesclou-se com o rastro luminoso do meteoro, criando uma paleta de verdes, azuis e violetas — cores raras e originadas por colisões com gases em altitudes mais baixas . Essa fusão raríssima entre meteoros e auroras surpreendeu astrônomos e o público geral, representando um dos encontros mais memoráveis entre elementos atmosféricos e cósmicos já registrados.
O Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia Óptica-Infravermelha (NOIRLab/NSF) explica que para um meteoro ser classificado como bola de fogo, sua magnitude deve ser mais intensa que qualquer planeta visível — e esse evento atingiu, claramente, esse patamar . À medida que o fragmento incandescente avançava, o rastro brilhante contrastava com a dança da aurora, gerando não apenas registros visuais emblemáticos, mas também um cenário que reuniu entusiastas, fotógrafos e curiosos numa única experiência celestial compartilhada.
Para pesquisadores, essa combinação oferece uma oportunidade única de analisar fenômenos simultâneos em camadas diferentes da atmosfera — a aurora nas partes superiores e o meteoro na estratosfera — e compreender a interação entre um evento terrestre e outro cósmico. Embora os meteoros normalmente sejam rápidos e efêmeros, quando combinados com auroras, eles proporcionam uma visibilidade prolongada e dramaticamente fotogênica.
Esse tipo de evento é raro, mas não inédito — catalogado pela American Meteor Society e comentado por especialistas em plataformas como o Space.com, que destacam a raridade de ver bolas de fogo cruzarem céus já tingidos pela dança polar . Para observadores interessados, esse episódio reforça o valor de manter o olhar atento ao céu durante tempestades geomagnéticas, quando as probabilidades de múltiplos fenômenos convergirem se tornam mais altas.
Em suma, a cena registrada em Montreal não foi apenas um acontecimento científico relevante — unindo astrofísica, meteorologia espacial e fotografia de céu — mas também um lembrete emocionante de que o cosmos e a atmosfera da Terra podem se entrelaçar em momentos de pura beleza natural.