Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
post

ESA lança primeiro satélite com radar de banda P para monitoramento ambiental

A Agência Espacial Europeia (ESA) realizou recentemente o lançamento de um satélite de observação da Terra inédito em sua categoria. Chamado Biomass, o equipamento se tornou o primeiro do mundo a operar com um radar de banda P, tecnologia que permitirá mapear de forma detalhada e em escala global áreas de floresta densa, regiões remotas e estruturas subterrâneas, estabelecendo uma nova referência para o monitoramento ambiental via satélite.

O Biomass foi lançado a bordo de um foguete Vega-C a partir do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa, e é fruto de um projeto de longo prazo da ESA para ampliar a capacidade de medição precisa de carbono armazenado nas florestas do planeta. Com uma antena expansível de 12 metros e peso de cerca de 1.200 quilos, o satélite entrou em órbita síncrona com o Sol, a aproximadamente 660 quilômetros de altitude, ideal para cobrir grandes áreas da superfície terrestre com alta resolução.

A grande inovação está no uso do radar de banda P, um tipo de radar de baixa frequência, capaz de penetrar vegetação densa, nuvens e, em alguns casos, até o solo superficial. Essa característica é crucial para regiões tropicais onde a cobertura vegetal impede a observação precisa por satélites convencionais. A missão permitirá mapear não só a densidade e volume de florestas, mas também acompanhar alterações em geleiras, estruturas geológicas ocultas e formações subterrâneas, algo que poucas missões conseguiram até hoje.

Segundo Michael Fehringer, gerente de projeto da ESA, os primeiros dados enviados pelo satélite foram considerados “espetaculares” e já demonstraram a capacidade de revelar detalhes antes invisíveis sob o dossel florestal em regiões da América do Sul e África Central. A expectativa é que, ao longo dos próximos cinco anos — prazo inicial da missão —, o Biomass ofereça dados cruciais para avaliar o impacto do desmatamento, da degradação ambiental e da recuperação natural de áreas protegidas.

A diretora de Observação da Terra da ESA, Simonetta Cheli, destacou a importância do projeto para as metas climáticas globais. Segundo ela, “essa missão representa um salto sem precedentes na nossa capacidade de medir o carbono terrestre e entender o papel essencial das florestas no ciclo de carbono do planeta”. Os dados obtidos serão utilizados para embasar relatórios ambientais, ações de preservação e estratégias de combate às mudanças climáticas.

Outro aspecto relevante é a colaboração internacional. Embora a ESA lidere o projeto, empresas e institutos de diversos países europeus participaram do desenvolvimento do satélite e de seus sistemas de detecção. A Airbus, responsável pela construção do Biomass, ressaltou que a missão também servirá de plataforma para futuras tecnologias de monitoramento orbital em baixa frequência.

A operação do Biomass complementará outras missões de observação terrestre em andamento, como os satélites Sentinel e CryoSat. Juntos, esses programas compõem um panorama cada vez mais preciso sobre as condições ambientais e climáticas do planeta, permitindo respostas mais ágeis e fundamentadas a ameaças como o desmatamento, o aquecimento global e a escassez hídrica.

Com o sucesso do lançamento e os primeiros resultados promissores, a ESA planeja que o satélite contribua significativamente para programas ambientais internacionais, como o REDD+ da ONU, além de fornecer informações estratégicas para governos e organizações de conservação. Trata-se, sem dúvida, de um avanço técnico e ambiental relevante, que consolida a Europa na liderança de monitoramento remoto ambiental por satélite.

Gabriel Rodrigues

Entusiasta de Astronomia e Astrofísica, criador e escritor do blog

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados